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Inter de Limeira comemora 30 anos da conquista do Paulistão em cima do Palmeiras

  • Edmar Ferreira
  • 3 de set. de 2016
  • 7 min de leitura

Há exatos 30 anos, Limeira passava a ser conhecida nacionalmente. Um time, até então desconhecido, conseguia uma proeza: conquistar um título paulista diante de um gigante Palmeiras e ainda por cima em pleno Morumbi, tornando-se o primeiro campeão do interior.

Foi um dia memorável e inesquecível, até mesmo para os palmeirenses que nasceram aqui e que tinham também o Leão no coração.

A conquista do inédito título começou em 1985, quando a Inter contratou o ponta Éder, da Seleção Brasileira. O craque desfilou até em carro aberto no centro da cidade. Os holofotes se viraram para Limeira.

A Inter fez uma boa campanha no Paulistão de 1985, mas não conseguiu a classificação para as semifinais. Porém, a base estava formada pelo técnico José Carlos Fescina.

No ano seguinte, já sem Éder que foi para o Palmeiras, o Leão, sem grandes ambições, esperava repetir o desempenho da temporada passada, mantendo-se na elite.

Pepe, o eterno Canhão da Vila, chegou para comandar o esquadrão. No primeiro turno, a Inter ficou em sexto lugar, com 21 pontos, a frente por exemplo de São Paulo, Ponte Preta e Guarani. O simbólico título do turno inicial ficou com o Santos.

Mas no segundo turno a história do Paulistão começou a mudar e ganhar duas cores: preto e branco. Rapidamente, o Leão alcançou a primeira colocação, deixando atônitos todos os adversários e a imprensa, que estavam acostumados a ver Ponte Preta ou Guarani neste papel.

O centroavante Kita desandou a fazer gols com sua raça e oportunismo - foi o artilheiro da competição com 24 gols. O time estava encaixado e o óleo estava fresco. Nada poderia parar o entrosamento e a união coesa da equipe interiorana.

A conquista do segundo turno foi inevitável, porém, alguns órgãos de imprensa ainda duvidavam da capacidade da Veterana. Eles achavam que na semifinal contra o Santos, prevaleceria o grande. Mero engano.

No dia 3 de setembro de 1986, a Associação Atlética Internacional sagrou-se campeã paulista ao derrotar o Palmeiras por 2 a 1.

Como foi

Naquele Paulistão, 20 clubes participaram da competição: Internacional, Palmeiras, Corinthians, Portuguesa de Desportos, Juventus, São Paulo, Santo André, Santos, São Bento, América, Novo Horizontino, Ponte Preta, Ferroviária, XV de Piracicaba, Botafogo, Mogi Mirim, Guarani, XV de Jaú, Comercial e Paulista.

Na primeira fase os times jogavam entre si, em turno e returno. O campeão de cada um deles se classificava para a semifinal. Os dois times com mais pontos obtidos na soma dos turnos (excetuando os campeões dos turnos, já classificados), também se classificavam para as semifinais.

O primeiro colocado na soma total de pontos enfrentou o de quarta melhor pontuação, e o segundo maior pontuador enfrentou o terceiro em dois jogos, de ida e volta. Comercial e Paulista foram rebaixados.

O elenco da Inter foi praticamente mantido. Chegaram Kita, Juarez, Alves, Manguinha, Gilson Gênio, entre outros, além de Pepe. Na primeira rodada, a Inter perdeu para o Palmeiras por 3 a 1, no Palestra Itália.

Faltando apenas duas rodadas para terminar o segundo turno, a Internacional já havia assegurado o primeiro lugar, assim como na classificação geral (turno e returno).

A Inter enfrentou nas semifinais o Santos, quarto colocado na soma de pontos totais. O Leão venceu os dois jogos. No primeiro, na Vila Belmiro, 2 a 0, gols de Kita e Gilberto Costa e no segundo, com o Limeirão completamente lotado (26 mil pagantes), nova vitória leonina, agora por 2 a 1, gols de João Batista e Kita.

Na outra semifinal, o Corinthians derrotou o Palmeiras por 1 a 0 no primeiro jogo e perdeu o segundo pelo mesmo placar. Na prorrogação, com direito até a gol olímpico de Éder Aleixo, vitória do Verdão por 2 a 0.

Óbviamente, o Palmeiras era o favorito diante da Inter, até porque jamais um time do interior havia conquistado o Paulistão. E mais ainda: as duas finais foram marcadas para o Morumbi, sob a alegação que o Limeirão não tinha condições para uma final. A torcida do Verdão estava eufórica, uma vez que seu time enfrentaria um desconhecido do interior paulista e ainda por cima, jogando duas partidas em São Paulo.

Finais

O primeiro jogo aconteceu no dia 31 de agosto, um domingo de muito frio na capital paulista. Mais de 100 mil torcedores marcaram presença.

O que se viu naquele domingo nublado foi uma aula de valentia de Gilberto Costa e de toda retaguarda alvinegra, que anulou o eficiente ataque palmeirense formado por Mirandinha, Edmar e Éder Aleixo.

Um surpreendente 0 a 0 e a Inter mostrou que não estava ali para brincadeira. A expectativa ficou para a segunda partida, novamente no Morumbi, na quarta-feira seguinte: o memorável 3 de setembro.

Jornais, revistas, rádios e TVs davam amplo destaque ao fim do tabu de 10 anos do Palmeiras que estava por acabar naquela noite. Mas o que viram foi algo muito além das expectativas.

Neste dia, o técnico palmeirense Carbone mandou a campo: Martorelli, Diogo (Ditinho), Márcio, Amarildo e Dennys; Lino (Mendonça), Gérson e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Éder Aleixo.

A Inter formou com: Silas, João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e Lê (Carlos Silva). Foram 78.564 pagantes.

O jogo foi bem diferente do domingo, mais aberto e com mais chances. O melhor estava guardado para o segundo tempo. Logo aos 5 minutos, o artilheiro Kita emendou um voleio, da entrada da área, e o goleiro palmeirense Martorelli (que desbancou o titular Emerson Leão) não alcançou: 1 a 0, para o espanto dos milhares de palmeirenses.

Ninguém do time alviverde esperava um gol tão rápido e a equipe de Palestra Itália se perdeu em campo. Quatro minutos depois, numa bobeada monstruosa, o lateral Dennys (que mais tarde viria a vestir a camisa leonina), recuou mal uma bola com o peito para Martorelli. O ponta Tato, como um papaléguas, se aproveitou para tomar a frente, driblar o arqueiro e tocar para o fundo da rede: 2 a 0.

Neste lance, Tato nem se lembra que recebeu um violento chute do defensor palmeirense. Ele queria mesmo era comemorar o gol.

Nas cabines de imprensa, os mitos Edmundo Silva (Rádio Educadora) e Reinaldo Bastelli (Jornal) contavam todos os detalhes da vitória leonina, demonstrando muito amor e profissionalismo na transmissão. A emoção era gigantesca. Eles estavam diante de um fato extraordinário, que marcaria para sempre a vida do clube e de suas próprias carreiras. Limeira parou para a grande final.

Aos 29 minutos, após cobrança de escanteio, o Palmeiras conseguiu diminuir através do zagueiro Amarildo. Os minutos finais foram de total pressão alviverde, uma vez que o empate levaria a decisão para a prorrogação.

Mas a experiência de Gilberto Costa e a boa fase do goleiro Silas foram decisivas para manter o placar favorável. Dulcídio Vanderlei Boschilla pede a bola para o arqueiro e apita o fim de jogo. E um tabu de 84 anos se quebrava. Finalmente um time do interior paulista era campeão com todo o merecimento.

O Palmeiras iria amargar ainda mais sete anos na fila e a Associação Atlética Internacional de Limeira, comandada por jogadores rejeitados por clubes grandes e por jovens valores, mostrou seu talento e entrou definitivamente para a história do futebol brasileiro.

Depois vieram os títulos do Bragantino (numa final interiorana com o Novorizontino) em 1990 e Ituano (sem a presença dos grandes) em 2002. Mas sem o mesmo brilho e valentia daqueles homens que enfrentaram tudo e todos.

Campanha

A campanha naquele ano foi tão magnífica, que em 42 jogos, foram 21 vitórias, 14 empates e 7 derrotas. A Internacional foi considerada a “Dinamarca Caipira”, em alusão à seleção europeia destaque da Copa do Mundo de 1986.

Aquela noite de 3 de setembro de 1986 foi de pura emoção. Aqueles que não foram ao Morumbi, ficaram em suas casas, vendo pela televisão, ou grudados no rádio.

E ao final da partida foi aquela festa, que se espalhou por toda a cidade. A Praça Toledo Barros em poucos minutos ficou lotada de torcedores. Carros desfilavam pelas ruas com bandeiras. Buzinas, hinos, cantos. Quanta festa minha gente. Todos queriam bater no peito e gritar: "É campeão".

Depois de 30 anos, a Inter luta para sair da Série A-3, relativa a terceira divisão do futebol paulista. Em 2005 foi a última vez que a equipe limeirense disputou a Divisão de Elite. Em 2008 caiu para a A-3 e em 2009 despencou para a Segundona. Voltou em 2010 para A-3 e permanece até hoje.

Campanha do título: 23/02/1986 - Palmeiras 3 x 1 Internacional 02/03/1986 - Internacional 1 x 1 Ponte Preta 05/03/1986 - Ferroviária 1 x 2 Internacional 09/03/1986 - Internacional 2 x 0 Juventus 12/03/1986 - Internacional 1 x 1 Corinthians 16/03/1986 - Comercial 2 x 2 Internacional 19/03/1986 - Internacional 2 x 0 XV de Jaú 23/03/1986 - Internacional 0 x 0 São Paulo 29/03/1986 - Novorizontino 1 x 0 Internacional 06/04/1986 - Internacional 4 x 0 Paulista 10/04/1986 - Santo André 1 x 1 Internacional 13/04/1986 - Internacional 1 x 0 Mogi Mirim 16/04/1986 - Santos 1 x 0 Internacional 20/04/1986 - Internacional 3 x 1 Portuguesa 27/04/1986 - Internacional 2 x 1 Botafogo 01/05/1986 - Guarani 0 x 0 Internacional 04/05/1986 - América 1 x 1 Internacional 13/05/1986 - Internacional 1 x 2 São Bento 18/05/1986 - XV de Piracicaba 2 x 1 Internacional 25/05/1986 - Internacional 3 x 0 Santos 28/05/1986 - Internacional 1 x 0 Santo André 31/05/1986 - Ponte Preta 1 x 1 Internacional 14/06/1986 - Internacional 1 x 0 Palmeiras 19/06/1986 - Internacional 2 x 0 Ferroviária 28/06/1986 - Internacional 1 x 0 Comercial 02/07/1986 - XV de Jaú 1 x 2 Internacional 06/07/1986 - Mogi Mirim 0 x 0 Internacional 13/07/1986 - Internacional 4 x 1 Novorizontino 16/07/1986 - Portuguesa 1 x 2 Internacional 19/07/1986 - Juventus 0 x 0 Internacional 23/07/1986 - Internacional 5 x 0 XV de Piracicaba 27/07/1986 - São Bento 0 x 0 Internacional 30/07/1986 - Botafogo 1 x 1 Internacional 03/08/1986 - Internacional 0 x 0 América 06/08/1986 - Paulista 2 x 3 Internacional 10/08/1986 - Internacional 1 x 0 Guarani 13/08/1986 - Corinthians 1 x 0 Internacional 17/08/1986 - São Paulo 5 x 1 Internacional 24/08/1986 - Santos 0 x 2 Internacional 28/08/1986 - Internacional 2 x 1 Santos 31/08/1986 - Palmeiras 0 x 0 Internacional 03/09/1986 - Palmeiras 1 x 2 Internacional

Por Edmar Ferreira


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