Na estreia do futebol feminino na Olimpíada, Vadão não mostra nenhuma empolgação
- Edmar Ferreira
- 3 de ago. de 2016
- 2 min de leitura

Um treinador sem nenhuma empolgação. Vadão, experiente e com passagens por vários clubes de futebol masculino do nosso país, comandará a seleção brasileira feminina nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A estreia acontece hoje, às 16h, contra a China, no Engenhão.
Nem o fato de jogar em casa motiva o treinador, que em entrevista a ESPN, disse que não acredita em mudanças no futebol feminino. "Nem o ouro olímpico vai salvar a modalidade por aqui", afirmou.
O treinador explicou a situação. "Vamos supor que a gente ganhe a medalha de ouro. No dia seguinte, vai ter futebol feminino nas escolas? No dia seguinte, as prefeituras vão decidir fazer uma escolinha de futebol feminino? O que nos falta é isso. O incentivo social. Eu não acredito nessa responsabilidade da medalha para salvar o futebol feminino. Ele só será salvo quando todo mundo resolver desenvolver realmente a modalidade no país", justificou.
Vadão foi mais além: "Temos poucas equipes que jogam no Brasil. Não temos foco. Se cada prefeitura pegasse o mesmo professor que dá aula no masculino e colocasse no feminino nós teríamos hoje um Brasil muito mais forte", completou.
O tal investimento prometido não veio e não houve o crescimento aguardado. Em 2004, o Brasil driblou essa falta de investimento e chegou a uma surpreendente final olimpíada. Acabou derrotado só na prorrogação pelos EUA.
Nada mudou
Desde aquela final olímpica, o futebol feminino não conseguiu deslanchar de fato. Marta surgiu e foi eleita a melhor do mundo por cinco anos consecutivos, mas construiu sua carreira fora do país. Por aqui, o Santos até formou uma equipe forte, mas a desmontou por falta de investimentos.
O país até conta com um campeonato atualmente, mas com poucas equipes e com repercussão mínima. Tanto, que a CBF criou uma seleção fixa para ajudar as jogadoras a se manterem empregadas e em atividade durante todo o ano.
Em termos de desempenho, a seleção até repetiu a prata na Olimpíada de Pequim, em 2008, mas caiu ainda nas oitavas de final quatro anos depois, em Londres.
Em Copas do Mundo, a performance também despencou: do vice em 2007, para a queda nas quartas de final em 2011 e nas oitavas em 2015.
No Rio de Janeiro, a seleção de Vadão caiu em um grupo com China, Suécia e África do Sul. Das 18 jogadoras convocadas, quatro atuam exatamente na China: Rafaelle, Fabiana, Debinha e Raquel.
O segundo jogo do Brasil, contra a Suécia, está marcado para o dia 6 de agosto, às 22h, também no Engenhão. Terminando a fase de grupos, a equipe joga contra a África do Sul, em 9 de agosto, na Arena da Amazônia, em Manaus, às 21h.
As 12 seleções estão em três chaves. Avançam para as quartas de final as duas melhores de cada grupo e as duas melhores entre as terceiras colocadas. A decisão do ouro será no dia 19 de agosto, às 17h30, no Maracanã.
Seleção Brasileira Feminina para a estreia da Olimpíada hoje: Bárbara; Poliana, Mônica, Érika e Tamires; Andressinha, Andressa Alves e Marta; Debinha, Cristiane e Beatriz. Técnico - Osvaldo Alvarez (Vadão).
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